Como proteger nossas crianças e adolescentes no mundo digital foi tema de palestra no Maio Laranja

O Brasil é o segundo no ranking de cyberbullying no mundo

A palestra com o tema “Como proteger nossas Crianças e Adolescentes no mundo digital” foi realizada ontem (15) na abertura da programação do Maio Laranja, em Paranaguá. E o assunto não poderia ser mais atual.

Segundo o NUCIBER (Núcleo de Combate aos Cibercrimes), há um levantamento realizado pelo instituto de pesquisa Ipsos que revelou que o Brasil é o segundo no ranking de cyberbullying no mundo. A pesquisa entrevistou mais de 20 mil pessoas em 28 países.

No Brasil, 30% dos pais ou responsáveis entrevistados afirmaram ter conhecimento de que os filhos envolveram-se ao menos uma vez em casos de cyberbullying. O primeiro colocado no ranking é a Índia.

Estas informações foram repassadas pelo agente profissional do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), Artur Morgenster Ferreira Filho. Ele também é psicólogo do Nucria (Núcleo de ProteçNao à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes), também graduado em Direito.

O psicólogo abordou o tema e tirou muitas dúvidas dos adolescentes presentes falando de como usar a internet de forma saudável lembrando o cuidado em não propagar notícias de alardes, informar as autoridades em qualquer caso de crime, guardar prints, vídeos ou qualquer outra prova das mensagens e em caso de dúvida, a orientação é de procurar uma unidade policial.

A organização ficou por conta do Centro Integrado para Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência – CAICAVV. E o evento foi direcionado para as redes municipal e estadual de Ensino, pais e para a rede de proteção para crianças e adolescentes.

Além de alunos e pais de estudantes, participaram do evento representantes da rede de proteção à criança e ao adolescente, assim como a secretária Municipal de Assistência Social, Ana Paula Falanga, a secretária Municipal de Educação, Tenile Xavier, a secretária de Gabinete Institucional, Christiane Yared, secretária da Saúde, Lígia de Campos Cordeiro e o vereador Wellington Frandji, também o representante do Núcleo Regional de Educação e a assistente social do Caiacavv, Janaina de Farias Arantes Silva.

Para as autoridades presentes, o tema do evento é atual e importante. Um dos assuntos abordados esteve relacionado às ameaças de massacres escolares. “Com a crescente onda de notícias de ameaças de ataques às redes de ensino, a população em geral vivencia um clima de pânico e alerta em massa, e com isso, denúncias, boletins de ocorrência e informações tiveram um aumento significativo nos números relatados”, destacou o palestrante.

Ele explicou que a maior parte das ameaças são veiculadas por redes sociais e difundidas por perfis fakes, e em alguns casos possuem características de um movimento organizado para causar pânico. “Apesar de ganhar notoriedade e estampar as capas dos principais meios de comunicação, a maioria das notícias são falsas e sem potencial para alcançar uma situação real de massacre”, destacou durante a palestra.

Outros assuntos
O psicólogo Artur Morgenster Ferreira Filho ainda explanou sobre outros assuntos como o bullying que é uma forma de agressão física, verbal e psicológica que se mostra sistemática e contínua.

Também falou sobre cyberbullying lembrando que essa é a extensão da prática do bullying do ambiente físico para o plano virtual que ultrapassa qualquer fronteira física. É o bullying realizado por meio das tecnologias digitais esse meio de ataque tira da vítima qualquer possibilidade de escapar dos ataques, que acontecem por meio, principalmente, das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, pode ocorrer nas mídias sociais, plataformas de mensagens, plataformas de jogos e celulares.

CONSEQUÊNCIAS DO CYBERBULLYING
O cyberbullying pode ter sérias consequências para as vítimas, em sua maioria jovens em fase de desenvolvimento. A vítima tem a tendência de isolamento, podendo agravar para sérios quadros de depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico.

A Escola tem papel de suma importância para identificação, notificação e punição administrativa dos envolvidos.

Identificar e tratar as sequelas no menor tempo possível é o caminho a ser trilhado, se as sequelas não forem tratadas, as vítimas de cyberbullying podem carregar consigo sintomas de trauma pelo resto de suas vidas, o que provoca, muitas vezes, baixo desempenho escolar, baixa autoestima, dificuldades em se relacionar com os outros e se colocar no mercado de trabalho quando na vida adulta, além de problemas da busca de alívio dos problemas nas drogas e no álcool. Nos casos mais extremos, a vítima de cyberbullying pode cometer suicídio.

Entre os exemplos de cyberbullying está a divulgação de fotografias íntimas, exposição de fotografias e montagens, críticas à aparência, comportamento ou opinião da vítima e divulgação de mentiras.

Os estudantes tiveram orientações de como evitar o cyberbullying com as seguintes dicas:
- Não aceitar convites de estranhos nas redes sociais;
- Nunca enviar fotos íntimas, contendo nudez parcial ou total, para outras pessoas, mesmo que seja seu/sua parceiro/parceira e que confie nessa pessoa;
- Comunicar imediatamente a escola, os pais ou responsáveis, caso seja vítima de agressão on-line;
- Evitar exposição de conteúdo pessoal, fotos e vídeos pessoais na rede;
- Em caso de ataques virtuais salvar os dados, fazer prints que possam identificar a fonte dos ataques;
- Bloquear o infrator;

Os ouvintes também puderam ter mais conhecimento sobre o ‘sexting’ que é o envio de mensagens e imagens de conteúdo sexual entre pessoas na internet. Sobre o “sextorsion’ que é a extorsão sexual que ocorre por meio da ameaça de exposição de fotos ou vídeos sexuais das vítimas na Internet. Os criminosos ameaçam divulgar o material a amigos e parentes da vítima caso não seja realizado o pagamento de valores aos criminosos. Às vezes, os golpistas não têm qualquer conteúdo comprometedor da vítima, mas utilizam mecanismos bastante convincentes para que ela realmente acredite no golpe.

Falou sobre a perseguição virtual, a pedofilia e o ‘grooming’ que é o aliciamento de menores pela internet para a prática de atos libidinosos e que está previsto como crime no artigo 241-D do Estatuto da Criança e Adolescente.


Programação

A programação do Maio Laranja teve continuidade nesta terça-feira, dia 16, com entrega de panfletos em diferentes locais da cidade.

E terá continuidade com a realização do 2º Seminário de Enfrentamento às Violências Contra Crianças e Adolescentes acontecerá no dia 18, no auditório do Isulpar.

A doutora em Serviço Social e coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos, Jucimere Silveira, iniciará o seminário e a palestra de encerramento será feita pelo delegado do Nucria de Paranaguá, Emanuel Brandão. Evento marcado para acontecer das 8h30 às 11h30.

A semana vai ser encerrada com arte. No dia 19 de maio, alunos da rede pública de Paranaguá, do 4º ao 7º ano, poderão assistir à apresentação teatral “No Meu Corpo Não”. Trata-se de um espetáculo infantil interativo com a plateia, que aborda de forma lúdica e silenciosa o abuso infantil.

O espetáculo acontecerá no Teatro Rachel Costa nos horários de 9h e 14h.

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