Reunião com Ministério Público debate criação do “Socorrista Comunitário” e do “Samu nas Escolas”

Projetos estão sendo estudados e preparados para implantação em Paranaguá

Na tarde desta quinta-feira, 6, na sede do Ministério Público do Paraná, em Paranaguá e por meio da 4.ª Promotoria de Justiça com atuação na Proteção à Saúde Pública da Comarca de Paranaguá, foi realizada reunião com representantes do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (Cislipa), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Secretarias municipais de Saúde e de Educação, Assistência Social, Defesa Civil e representantes da Ilha do Mel, de Encantadas e Nova Brasília com a promotora da 4ª Promotoria de Justiça, Aliana Cirino Simon Fabrício de Melo. O intuito foi debater dois projetos que deverão ser implantados em breve em Paranaguá, o “Samu na Escola” chamado carinhosamente de Samuzinho para as escolas de todo o município e o “Socorrista Comunitário” para implantação na Ilha do Mel.

Aliana Cirino Simon Fabrício de Melo, promotora da 4ª Promotoria de Justiça do Ministério Público observa que essa reunião é um desdobramento de um procedimento que teve início com a provocação dos representantes das comunidades da Ilha do Mel. Conforme a promotora, inicialmente, o foco era discutir serviços de saúde, especialmente o transporte de urgência e emergência, bem como o transporte eletivo na área de saúde, incluindo o transporte marítimo da ilha para o continente. Durante esse processo, o diretor do Cislipa, trouxe à tona o Núcleo de Educação em Urgência e Emergência, que está envolvido nos dois projetos interligados.

“Nessa reunião, alinhamos estratégias junto ao Cislipa, Samu, Educação e Saúde, bem como com os representantes das comunidades de Nova Brasília e Encantadas. Discutimos os desdobramentos e a operacionalização desses dois projetos. As reuniões paralelas com os setores responsáveis continuarão ocorrendo, e em julho, retornará ao Ministério Público para finalizar os detalhes e definir uma data para o início do projeto. Essa reunião inicial abordou a formação dos socorristas comunitários e a implantação do projeto Samuzinho em Paranaguá”, explica a promotora.

André Luís da Costa Pereira, diretor executivo do Cislipa, ressalta que ambos os assuntos são importantes para a comunidade. "Tratamos dois assuntos bastante importantes, dois projetos. O Samuzinho que entra no escopo da educação sobre urgência e também está relacionado à Lei Lucas (Lei Federal nº 13.722). Já começamos a desenvolvê-lo no município de Matinhos, onde percorremos a maioria das escolas e agora, possivelmente a partir do segundo semestre, será implantado em Paranaguá. O projeto consiste em ensinar manobras de primeiros socorros que são aplicáveis no dia a dia e podem salvar vidas. Utilizamos brincadeiras e abordagens lúdicas para prender a atenção das crianças, e esperamos que esses conhecimentos sejam replicados entre professores, comunidade escolar, pais e todos em geral”, detalha.

Quanto ao segundo projeto, André Pereira explica que o Socorrista Comunitário é focado principalmente na Ilha do Mel. “Dada a peculiaridade geográfica da ilha, temos o intuito de treinar a população para identificar tipos de traumas e ocorrências específicas. Além disso, o socorrista comunitário também visa fornecer o primeiro atendimento, considerando as limitações geográficas. Embora seja um projeto piloto e ainda não tenha sido implementado no litoral do Paraná, já obteve sucesso em outros Estados e acreditamos que será muito importante para a localidade”, observa.

Ghislaine Cristina Corrêa, superintendente de Assistência à Saúde reforça que ainda neste mês, haverá reunião para debater detalhes dos projetos. "Essa reunião foi importante para os dois projetos. Muitas questões já foram debatidas, mas agora estamos finalizando os detalhes para colocá-los em prática. A Secretaria de Saúde e a Secretaria de Educação se reunirão com os representantes do Samu e Cislipa para acertar os detalhes necessários. Isso inclui estruturar o serviço, definir a logística e avaliar a viabilidade. Precisamos estudar toda a área de atendimento para avançarmos para o próximo passo. Em julho, retornaremos ao Ministério Público para apresentar todos os detalhes e, possivelmente, dar o aval para iniciar os dois projetos. A Saúde, o Samu e o Cislipa trabalharão no desenho operacional do projeto e definiremos cronogramas e prazos para alcançar nosso objetivo final e iniciar as capacitações", explica.

Adriano Rodrigues Alves, técnico em enfermagem e presidente da Comissão do Núcleo de Educação Permanente do Cislipa trouxe os detalhes do projeto de Socorrista Comunitário à reunião. “A reunião foi mais um passo importante para o sucesso desse projeto. Ele é crucial tanto para a população, que aprenderá como agir corretamente em situações de urgência e emergência, quanto para o Samu, que terá alguém capacitado no local. A Ilha do Mel apresenta peculiaridades, e o tempo médio de travessia é de 15 minutos em boas condições de tempo partindo de Pontal do Paraná e 40 minutos de Paranaguá até a ilha. Considerando a importância do tempo em cada caso para que a pessoa possa se recuperar adequadamente, perdemos muito com o transporte e a logística. Portanto, ter alguém no local para fornecer a primeira resposta ao atendimento será uma grande conquista”, avalia.

Ele ressalta que o objetivo é capacitar os próprios moradores da Ilha do Mel, tanto em Nova Brasília quanto em Encantadas, para oferecer apoio até a chegada da equipe de urgência e emergência. Este é um projeto que envolverá voluntários disponíveis para fornecer o primeiro atendimento. Teremos treinamentos detalhados e específicos, indo além do básico dos cursos de primeiros socorros tradicionais”, enfatiza Adriano Alves.

Para a secretária municipal de Educação, Paula da Silva Inácio Pereira, a parceria entre Saúde, Educação, Ministério Público, sempre é importante e gera resultados positivos para a comunidade. "Esses trabalhos são sempre relevantes. O Socorrista Comunitário será de grande importância para um atendimento emergencial para a Ilha do Mel enquanto aguarda a chegada da equipe de urgência e emergência. Moradores recebendo noções importantes por meio da área da saúde. E o Samuzinho é algo especial, levando orientações para toda a comunidade escolar. Acreditamos na educação e que as crianças podem, sem dúvida, transformar a sociedade em um lugar melhor e repassar essas informações também aos adultos", destaca.

A médica emergencista do SAMU, Michella Przybycien apresentou na reunião o projeto Samu na Escola. “Estamos trabalhando para estender o projeto Samu na escola a todos os municípios do litoral. Ele visa ensinar às crianças, noções básicas sobre urgência e emergência, bem como o funcionamento do Samu e como agir em situações críticas. A base desse projeto é a Lei Lucas (Lei 3.722), que torna obrigatória a capacitação em primeiros socorros para todas as escolas com fluxo de crianças, incluindo creches e estabelecimentos comerciais”, explica.

A médica ressalta que o Samuzinho não apenas instrui as crianças, mas também os professores e toda a comunidade escolar. “Queremos desmistificar essa ideia, mostrando que prestar o primeiro atendimento à população não é difícil e não deve gerar medo. Com base em dados, sabemos que a principal causa de mortes e emergências é a parada cardiorrespiratória. Treinar o maior número possível de pessoas para iniciar manobras até a chegada da equipe do SAMU ou dos bombeiros é fundamental para reverter essa situação. Nosso objetivo é reduzir as sequelas decorrentes do tempo em que o coração fica sem bater. Essas manobras são simples e podem ser realizadas com apenas duas mãos após o treinamento adequado", afirma.

Marinelli Campos Serafim Pedrussi, reside em Nova Brasília e é secretária da Associação dos Nativos da Ilha do Mel. Ela ficou feliz com o resultado da reunião. “Cada passo dado representa uma conquista importante. “Hoje saímos desta reunião felizes porque essa capacitação para nossa comunidade é importante principalmente por ser na área de saúde que é primordial e que pode salvar vidas”, ressalta a moradora que também faz parte da comunidade tradicional de nativos da Ilha do Mel.


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