Prefeitura de Paranaguá retoma protocolo da cirurgia bariátrica e lança grupo de acompanhamento multidisciplinar

“Mais Saúde, Mais Vida” reúne pacientes para acompanhamento psico-nutricional e marca novo ciclo de cuidado no município

Na sexta-feira, dia 19, a Prefeitura de Paranaguá, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), realizou o primeiro encontro do grupo “Mais Saúde, Mais Vida”, voltado ao acompanhamento multidisciplinar de pacientes que buscam a cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O encontro marca a retomada de um fluxo que estava paralisado desde a pandemia de 2020 e que, agora, volta a oferecer perspectivas de tratamento para pessoas que convivem com a obesidade.

Segundo a médica reguladora da SEMSA, Dra. Olívia Permegiani Vilarinho, a ausência de acompanhamento especializado havia interrompido a entrada de novos pacientes na fila estadual da cirurgia bariátrica. “A fila estava estacionada desde a pandemia. Esse ano retomamos os fluxos, adequando o protocolo estadual à nossa realidade local. O processo exige atenção a cada detalhe, porque toda documentação passa pela auditoria de um médico do Estado, e qualquer falha pode indeferir o pedido. Hoje damos um passo histórico ao iniciar este grupo em Paranaguá”, afirmou.

A secretária municipal de Saúde, Patrícia Scacalossi, ressaltou o empenho da equipe. “A retomada do fluxo da bariátrica era um dos nossos maiores desafios. O que vemos hoje é resultado de muito esforço e dedicação de servidores que não mediram esforços para garantir esse avanço. Seguiremos aprimorando o processo, sempre com foco em oferecer mais saúde e qualidade de vida para a população”, comentou.

Duas formas de acesso à bariátrica

O protocolo estadual estabelece dois caminhos para quem busca a cirurgia:

- Pacientes com IMC abaixo de 50: após avaliação clínica na Unidade Básica de Saúde (UBS), os pacientes precisam obrigatoriamente cumprir dois anos de acompanhamento psicológico e nutricional. Esse acompanhamento será realizado dentro do grupo “Mais Saúde, Mais Vida”, com 10 encontros anuais, orientações coletivas e troca de experiências. Ao fim do período, se persistir a necessidade da cirurgia, o paciente é encaminhado à fila estadual.

- Pacientes com IMC igual ou superior a 50: após encaminhamento médico, o processo exige três consultas psicológicas e uma avaliação com especialista. Com a documentação completa, o paciente pode ser inserido na fila em até dois meses, desde que todos os critérios sejam cumpridos.
Importância do grupo

Importância do grupo

Para a nutricionista Rafaela Carvalho de Amorim, o formato em grupo oferece ganhos práticos e emocionais. “Quando trabalhamos em grupo, conseguimos resolver entraves de agenda e, principalmente, criar vínculos. O paciente percebe que sua dificuldade é semelhante à do colega e encontra apoio para manter a motivação. A cirurgia é apenas uma das ferramentas possíveis; o foco é na mudança de hábitos e de vida, que também reflete na família e no entorno do paciente”, avaliou.

A psicóloga Jéssica Teixeira reforçou a importância da corresponsabilidade. “O processo de transformação já começou no momento em que cada paciente decidiu estar aqui. A cirurgia pode ser necessária, mas a mudança de vida depende de escolhas diárias. Nosso papel é apoiar esse processo e oferecer o suporte necessário para que cada um seja protagonista da sua própria história”, argumentou.

Um novo começo

O autônomo Josimar Oliveira Miranda, um dos participantes do primeiro grupo, relatou sua expectativa após anos de espera. “Em 2021, meu médico indicou a cirurgia, mas nada avançou. Hoje, depois de quatro anos, vejo essa retomada como uma oportunidade real. Sei que o processo exige paciência e dedicação, mas quero fazer tudo certo, aprender com os profissionais e garantir que, no pós-operatório, eu consiga manter os resultados. Para mim, este grupo significa esperança”, disse.

Com 12 pacientes já inseridos no primeiro ciclo, a SEMSA prevê a abertura de novos grupos para ampliar o atendimento. O diretor clínico da secretaria, Dr. Jorge Pinho Woll, destacou que o momento é simbólico. “Esse é um marco para o município. Trabalhar a obesidade de forma estruturada e dentro do protocolo estadual garante não apenas o acesso à cirurgia, mas principalmente a construção de uma rede de cuidado mais eficiente e resolutiva”, afirmou.

Presente no encontro, o vereador Marcelo Correa da Costa, o Peke Bocudo, que realizou a cirurgia bariátrica em 2017, compartilhou sua vivência e destacou a relevância do acompanhamento multidisciplinar. “Quando eu fiz a cirurgia, pesava 146 quilos e perdi mais de 40. Mas aprendi que a bariátrica não é só sobre o corpo, é sobre a cabeça. A luta contra a obesidade é para a vida toda. Por isso, participar desses grupos faz toda a diferença: fortalece a mente, prepara para os desafios e ajuda a evitar recaídas. Tenho certeza que este processo vai mudar a vida de todos que estão aqui, como mudou a minha”, disse.

Equipe mobilizada

O início do grupo foi possível graças ao empenho conjunto de diversos profissionais. A nutricionista Rafaela Carvalho de Amorim, as psicólogas Cláudia Michelon da Luz Wildner e Jéssica Teixeira, e o médico especialista Dr. Abdul Kadri atuaram diretamente no desenho e organização do projeto, com apoio do diretor clínico da SEMSA, Dr. Jorge Pinho Woll, e da equipe do Departamento de Atenção à Saúde (DAS).

“Os profissionais se dispuseram a dedicar parte de sua carga horária para que esse processo pudesse acontecer. É um esforço coletivo da SEMSA, com apoio da nossa secretária Patrícia Scacalossi, do Dr. Wilson Moraes, da Fundação de Assistência à Saúde de Paranaguá (FASP), e também da primeira-dama Patrícia Banvakiades, que atendeu nossa solicitação de cadeiras reforçadas para o grupo”, concluiu a Dra. Olívia.

Também acompanharam o encontro o diretor-geral da FASP, Dr. Wilson Moraes, o diretor do Complexo Nazir Chimura Borba, Jaime Ferreira dos Santos, e o diretor clínico da SEMSA, Dr. Jorge Pinho Woll, além de outros profissionais envolvidos no processo.

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